sábado, 27 de fevereiro de 2010

Vidas passageiras..


Papel em Vidas..
Tenho idade suficiente para saber como tudo funciona..Como tudo gira em torno do mesmo..Para saber que palavras são apenas palavras. Gestos apenas gestos.Depois de tanto ainda questiono qual o meu papel em vidas que não são minhas, ridículo!É tão fácil de o saber, é nenhum, nulo, um simples passageiro da mesma viagem que te acompanha por momentos, com quem até trocas algumas palavras, sabendo que na próxima paragem seguirão cada um seu caminho..Para quê preocupar-me com o que não é meu?Porquê numa viagem tão curta descobrir o motor que te move e mesmo assim tentar enganar-me na crença que "pode não ser"? Conseguir ler os teus gestos, o teu olhar, a tua atitude, saber o que ai vem e arriscar num resultado que já sei não ser o final?Porque não saio de vez desta viagem sem mais ilusões nem desilusões?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sono..


Mais um dia passado da vida de um ser, ou da vida de milhares de seres, não sei, vivo a sensação de utopia de um mundo que desconheço, a sensação de poder e não fazer, disfarçada de querer e não poder. Vivo uma infinidade de sentimentos de auto-realização esquecidos e um sem fim de metas por alcançar a esfumarem-se. Para quê? Qual a razão para tal?
Sinto-me embrenhado e focado em mim, passando o resto com um leve aroma de interesse desinteressante, pois de algum modo consigo reverter e voltar a mim. Vejo a chama, já consumida, de pessoas a aparecerem no meu caminho, outras ainda na sua ânsia de combustão, brilhos ténues, pistas de uma realidade algo distorcida que não quero sentir.
Acordo, vejo as imagens dos sonhos de cada um, mas já as vi tantas e tantas vezes, mesmo assim fico sobre o seu poder exercido de tal forma maquiavelicamente pensada ou não, fico assim até a rotina clamar por mim, se bem que já ai estou sobre o seu chamamento, então começo o labor de todos os dias, as coisas de todos os dias.
Vivo os poderes que não possuo junto de chamas que só ouço mas que procuram como eu aquilo que não têm, abalo e faço o pressuposto, o esperado, o fim de cada um, uma pele, uma segunda pele que descuidadamente deixa transparecer um pouco de mim, alterando os resultados tão meticulosamente pensados.Cai o pano, a pele ainda cá está, o cheiro, agarro-me a mim tão desesperadamente quanto a noite cobre o dia, chamas a extinguirem-se, não entendo, não censuro, volto a mim, a pele, o cheiro, quase foram, são fumo já algo distante com a certeza de voltar a ser chama.Não interessa, voltei, desfruto o controlo sobre o viver, mostro o quão grande posso ser, afinal as imagens ensinam, chamas abrandam a sua combustão. Uma segunda vida novamente, os poderes que não tenho, chamas que leio em combustão, as imagens que mostram sonhos. Sono, incompleto, fazes-me falta, não entendo, muito sono, não serei uno sem ti, esperanças metas objectivos desejos,quem és, escuro, quando te vou ter, adormeço.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Coisas..

Coisas que dizes
Coisas que sonhas
Coisas que vives
Coisas que partilhas
Coisas que consentes
Coisas que te calam
Coisas que desejas
Coisas que nunca terás
Coisas que por não te ouvirem
Ficarão só para ti

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Perdido entre palavras cruzamos olhares e encontro-me..


Perdido entre palavras cruzamos olhares e encontro-me, um sorriso instantâneo, um turbilhão de felicidade invade-me!
Acordo..
Era apenas um sonho, a imaginação, a memória, a brincar com os pequenos fragmentos de momentos já vividos, de segundos, que pareceram minutos que pareciam horas que foram anos!
Parado no tempo desse breve cruzar retorno a respirar, com esforço, pois o ar está frio, abro os olhos, com esforço, pois o quarto está escuro e, ao começar a fixar o tecto, misto de branco, acinzentado, negro, desnudo, sinto todo o gelo do retornar do tempo.
Do estar só, no meu quarto, sem conseguir acordar desta realidade para poder dormir de vez..
To com sono.. Quero adormecer de novo e sonhar com aqueles momentos em que
Perdido entre palavras cruzamos olhares e encontro-me..

O teu corpo segue o ritmo que lhe é infligido..


Sensação inerte de impotência sobre a possibilidade de teres possibilidades, observas o rodar da esfera do tempo, tudo passa por ti, a nada te agarras. Tentas em vão correr e alcançar esta rotação impossível de acompanhar, dás por ti numa velocidade tão grande que já nem a ti te encontras, desconheces-te, sais do teu plano e ficas a observar como o teu corpo segue o ritmo que lhe é infligido..


domingo, 7 de fevereiro de 2010

Tudo vai acontecer de novo..


Deambulas por pensamentos do que deves ou não fazer, do que deves dizer.
Tão depressa dizes:
Chega! Acabou! Não vou voltar, não vou ligar, não vou responder! Enches o peito de ar absorvendo toda a coragem do mundo para que na hora te consigas manter.
Como, a seguir, ao mínimo som das suas palavras te vês novamente a caminhar para exactamente o mesmo trilho, onde vão acontecer tantas coisas quanto as anteriores, onde vais sentir aquele déjà vu frio no estômago que antevê a amargura do que tanto queres e tão mal te faz.
Também sabes, hoje, que te encontras como que desiludido, preparado para não teres nada, num esforço continuo de não te quereres dar, as suas palavras vão ser suaves, os seus gestos vão ser serenos, o seu olhar ainda mais cativante, mostra o arrependimento que tanto lhe queres. A tua ira desvanece, o peito deixa esvair a coragem acumulada, sorris pela tristeza de veres que voltas ao mesmo, questionas quanto tempo será desta vez, sabes.
Tudo vai acontecer de novo..

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bastidores do teatro da Vida..


Quão breve e ilusória pode ser a sensação de que finalmente nos compreendemos e que viveremos a partir dai em paz.
Porem por vezes apercebo-me desta ilusão que é a vida, desta representação, e é nos bastidores que a repenso e revivo velhas sensações que pensara um dia e para sempre perdidas, é lá que penso se realmente vale a pena manter esta capa de serenidade como o mundo me quer ver.. é lá também que penso mais uma vez ter decidido a minha efemere vida, voltando a sair para o mundo em todo o meu esplendor, deixando-me, aos poucos, matar pelas palavras que me são negadas, pelos olhares que me são vedados e pelos sentimentos que me são roubados. Isto porque o mundo é um circo onde o espectáculo tem de continuar..

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Não peço nada..


Não peço nada, porque tudo o que recebo acaba por me rasgar, trespassar, destruir, mais cedo ou mais tarde. Então é melhor ficar somente com o que me dás certo? Fingir que sou nada e com isso não me importo, fingir que me contento com a necessidade que, em falta de alguém, tens de que te idolatrem, que te apoiem, que estejam lá. Fingir que me contento com a espera, dádiva recebida quando não estás só e eu estou.
Não peço nada porque tudo o que recebo são palavras envoltas no silêncio que só eu vejo, palavras que também eu uso, mas não para ti. Gestos envoltos na solidão e instinto básico de procura de alguém, gestos que também eu uso, mas não para ti.
Não peço nada porque tudo o que recebo é nada.